sábado, 23 de julho de 2011
Uma foto, uma história... (Cemitério dos Inleses) Amy Winehouse 1983 - 2011
Este é um dos lugares pouco conhecidos pelos baianos, quando foi lá pela primeira vez tive dificuldades em encontrá-lo, para ser bem verdadeiro, todas as pessoas que eu julgava poderem me dar informações sobre a localização do cemitério não faziam a mínima idéia de onde ficava o “Cemitério dos Ingleses” perguntei a taxistas, policiais, cheguei a ir ao clube de “Bride” e nada teve gente que chegou ao ponto de dizer que no “Corredor da Vitória” (que era a minha única referencia), não existia nenhum cemitério.
Como sou insistente, fui perguntar para quem poderia sem duvidas me dar à resposta que eu estava precisando naquele momento... O “Google”, bingo. Alem de me mostrar onde fica, ainda me deu um mapa de como chegar lá.
Corredor da Vitória, entre o “Iate Clube da Bahia” e a “Igreja de Santo Antonio da Barra”. Em posse dessa informação ficou fácil chegar lá, do lado de fora a única coisa que denuncia a presença de um cemitério no local é a inscrição em um arco acima do portão de acesso onde se lê “British Cemetery” a pessoa que me atendeu, uma espécie de vigilante, não fez nenhuma ressalva quanto a fotografar no local, disse que apenas quando existem produções de vídeo clipes ou mesmo gravações para cinema e TV é que se faz necessário uma autorização prévia para utilizar o local.
No dia em que fui lá estava um pouco nublado e em alguns momentos chuviscou um pouco, mas nada que chegasse a inviabilizar o passeio fotográfico.
Algumas pessoas fazem uma cara de espanto quando falo destas fotos, acho que é algum preconceito com cemitérios, eu particularmente acho que são lugares ótimos para fotografar, e na verdade devemos nos preocupar na verdade com os vivos, e não com os mortos.
Na minha modesta opinião o Cemitério dos Ingleses da Bahia tem relevância histórica e arquitetônica como uma típica construção de influência anglicana, o primeiro cemitério para enterramentos não-católicos na Bahia e um dos primeiros cemitérios ao ar livre construídos no Brasil. A história da presença inglesa na Bahia e do Cemitério dos Ingleses faz parte de contextos mais amplos – político, social, artístico e cultural – principalmente a partir da abertura dos portos em 1808 e durante a fase chamada “das grandes obras” (1820 a 1920), caracterizada por transformações fundamentais para o desenvolvimento da Cidade do Salvador. O cemitério também contem túmulos de valor artístico e histórico.
Muitos brasileiros, descendentes de ingleses, norte-americanos e judeus de várias nacionalidades, têm parentes enterrados no Cemitério dos Ingleses. De outro lado, o Cemitério dos Ingleses representa uma época de intensas transformações e influências estrangeiras no estado da Bahia. Transformações que passam por hábitos, política e comércio e vão até questões urbanas e logísticas. Por exemplo - você sabia que a primeira ferrovia baiana foi construída pelos ingleses, muitos dos quais morreram aqui de febre amarela e foram enterrados no cemitério na Ladeira da Barra e em Montserrat? O Governo do Estado da Bahia reconhece isto como parte da História da nossa terra e como um bem a ser resgatado e preservado, como qualquer outro bem sócio-cultural integrado em nosso Estado, tanto que esse investimento acontece aqui mesmo dentro da Bahia, voltado para os soteropolitanos, baianos, brasileiros e outras pessoas de quaisquer outras nações.
Segundo Gilberto Freyre (Ingleses no Brasil), depois da abertura dos portos, os ingleses estabeleceram pelo menos seis cemitérios neste país - em Belém, São Luís, Recife, Bahia, Rio de Janeiro e nas minas de Gongo Soco (agora Barão de Cocais - MG). Entretanto, hoje só existem três - no Recife, na Bahia e no Rio de Janeiro. Este último é o mais antigo, estabelecido em 1811. As ruínas de outros cemitérios dos ingleses ainda permanecem, mas geralmente são localizadas em locais isolados de difícil acesso.
O Cemitério dos Ingleses na Bahia foi construído no início do século XIX, provavelmente em 1814. Na época, quase todos os enterros de pessoas livres eram realizados em igrejas católicas. Padres católicos não realizavam casamentos ou enterros para protestantes. Portanto, os anglicanos precisavam de um espaço para sepultar seus mortos.
A lista de enterramentos também inclui cônjuges e filhos brasileiros de ingleses, judeus de várias nacionalidades, norte-americanos e outros estrangeiros. Um oficial da marinha japonesa suicidou-se a bordo de um cruzeiro inglês e foi enterrado no Cemitério dos Ingleses em 1869. Infelizmente, o local de sua sepultura não foi encontrado quando seus conterrâneos chegaram para homenageá-lo.
Na língua portuguesa, o termo "inglês" geralmente é sinônimo de "britânico", mas isto pode causar confusão. O nome do cemitério em inglês é "British Cemetery", ou "Cemitério Britânico". A Grã-Bretanha inclui a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. O Reino Unido também inclui Irlanda do Norte. Todos seus cidadãos são britânicos, ou seja, "ingleses", Por isso existem cidadãos escoceses enterrados no cemitério.
Quando o Cemitério dos Ingleses foi construído no início do século XIX, ele ficava longe do centro da cidade. Agora faz parte de um corredor histórico e cultural que inclui Forte de São Diogo, a Igreja de Santo Antonio da Barra e os casarões do Corredor da Vitória - muitos deles as antigas residências de comerciantes ingleses. Em meados do século XIX, o reverendo anglicano Edward Parker, que também era empreiteiro, construiu uma igreja anglicana no Campo Grande, urbanizou uma boa parte da área de Campo Grande e construiu a Ladeira da Barra com o traçado que conhecemos hoje, vindo a substituir o antigo e íngreme acesso entre o Porto da Barra e imediações.
Várias pessoas ilustres foram sepultadas no cemitério, entre elas, John Ligertwood Paterson, um dos fundadores da Escola Tropicalista Baiana, e Edward Pellew Wilson, fundador da empresa de navegação Wilson, Sons, e um dos primeiros moradores – talvez o primeiro – do casarão no Campo Grande que se tornou a morada dos Cardeais e Arcebispos Primazes do Brasil. A lista de enterrados também inclui ex-consules britânicos e norte-americanos.
Há quase 500 pessoas sepultadas no Cemitério dos Ingleses na Bahia. O cemitério Nunca foi oficialmente desativado. O último sepultamento foi realizado em 1999, mas o cemitério ainda poderá ser utilizado para futuros enterros quando o projeto de restauro estiver finalizado.
O muro externo do Cemitério não permite que ele seja visto da rua e há alguns motivos para que permaneça deste jeito, Primeiro, porque é fundamental manter as características arquitetônicas originais. Outrossim, tem várias placas embutidas no muro, instaladas em memória de pessoas não enterradas no cemitério, como os “cavalheiros ingleses” que morreram de febre amarela durante a construção da ferrovia chamada “Bahia and San Francisco Railway”. Também tem vários túmulos encostados e apoiados no muro.
Portanto para ter acesso a este lindo lugar, é preciso entrar e contemplar de dentro de seus muros as sepulturas muitas adornadas com verdadeiras obras de arte e contemplar a bela vista da baia de todos os santos. Se você não conhece, vá La ver! Vale à pena.
Infelizmente esse “post” acontece no dia da morte da Britânica, Amy Winehouse (1983 – 2011) Descanse em paz!
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