terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma foto, uma história - Caruru de Cosme e Damião

Uma foto, uma história - Caruru de Cosme e Damião

Cosme e Damião, são os principais homenageados do mês de setembro, na Bahia tem caruru o ano todo, nas sextas-feiras é fácil achar restaurantes que sirvam a iguaria, fechando a semana. Mas em setembro a historia é outra.

Cosme e Damião ao que se sabe eram dois médicos que tinham como nomes originais Acta e Passio. Viveram na Síria e na Armênia, pregavam o cristianismo e atendiam os enfermos sem fazer qualquer tipo de cobrança, acusados de feitiçaria foram decapitados por ordem do Imperador Diocleciano, no ano 303.

A tradição da comemoração dos santos gêmeos em 27 de setembro chega ao Brasil graças aos Colonizadores Portugueses, tendo sido erguida em Pernambuco a primeira igreja em devoção a Cosme e Damião na cidade de Igaraçu em 1530, se junta à crença lusitana através do sincretismo religioso a crença dos escravos trazidos da África Ocidental, que cultuavam os ibejís (orixás-meninos), que no candomblé são filhos de Xangô e Iansã.

A colaboração indígena finalmente entra neste caldeirão cultural através da culinária, como o costume baiano da celebração é de mesa farta, o Caruru é indígena e vem do Caá (folha) ruru (inchada), receita feita originalmente apenas de ervas socadas com pimenta, no pilão.

Ai os escravos africanos acrescentaram novos sabores e odores; amendoim, azeite de dendê, camarão seco, castanha de caju, cebola, gengibre, quiabo. O quiabo inclusive é o gradiente da importância do caruru, quanto mais quiabos forem utilizados na feitura da oferenda, mais valorosa é a “obrigação”.

O caruru é servido com uma grande variedade de acompanhamentos, entre eles os mais comuns são o vatapá, acarajé, xinxin de galinha, frango cozido, feijão fradinho, arroz, inhame, pipoca, banana frita, em alguns casos, cana de açúcar, rapadura, peixe frito, milho branco, abobora, feijão preto.

Depois de pronto o caruru é servido prioritariamente aos “sete meninos” que representam os sete irmãos (Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi), comido “de mão” diz a crença popular que em casa onde é servido caruru no dia de Cosme e Damião, não entram doenças, feitiços, mau olhado, esterilidade nem espinhela caída.

Curiosidades

A crença da fertilidade é provavelmente a razão do índice de natalidade de gêmeos na Nigéria, a maior do mundo.

Quem oferece o caruru tem que cortar pessoalmente o primeiro quiabo, depois do caruru pronto deve ofertar aos santos gêmeos em vasilhas novas colocadas aos pés das imagens momento em que se faz o agradecimento ou o pedido de nova graça.

A galinha a ser servida no caruru não deve ser comprada “abatida”. Não se serve bebida alcoólica durante o caruru. E que encontrar um quiabo inteiro deve oferecer um caruru no próximo ano.

O importante disso tudo é saber que a tradição se mantém, “O enfeitado” e “O Popular” continuam sendo homenageados da melhor forma possível com um farra gastronômica de “lamber os beiços”

A foto é do delicioso caruru da minha amiga Solange, foi feita em novembro de 2010 na casa da "chefe de cozinha" usando luz natural acrescida de luz continua incandescente aplicada nos locais pouco iluminados, usei uma lente SIGMA 17-70 f/2.8-4,6 MACRO/HSM conectda a uma Canon T2i com velocidade de 1/13 e abertura f/10 com ISO 100. Bom apetite!

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